sexta-feira, 26 de julho de 2013

Das Kapital


Durante a filmagem de Glengarry Glen Ross, os atores chamavam-lhe Death of a fucking salesman, em alusão à peça de Arthur Miller e ao número de palavrões do guião que interpretavam - escrito e dirigido por David Mamet. Tanto  Death of a salesman como o filme Glengarry Glen Ross - adaptado de uma peça de teatro -, têm vendedores como personagens principais, o arquétipo norte americano da procura do sucesso apesar das contrariedades - são eles os protagonistas da ideia de que o sonho americano se materializará se formos implacáveis na caça, mas que só nos restará desmerecimento e exclusão se ignorarmos as oportunidades que nos são dadas pelo sistema.

De uma forma mais prosaica, diria que misturar testosterona com dinheiro, num ambiente competitivo, é um excelente motor para o bom funcionamento do capitalismo glutão, para a indústria de iates, do gel de cabelo e dos botões de punho que custam mais do que um carro.

Há algo de sexual e primitivo nessa busca - o estado mental de um rapaz adolescente. Henry Kissinger dizia que o Poder é o maior afrodisíaco e, por consequência, acrescento eu, o dinheiro, o status, os brinquedos para adultos. Há qualquer coisa de atrativo, algo bestial e animalesco, nessa forma de ser, quando o triunfo do eu e os bónus importam mais do que a decência e a compaixão.

Nesta cena, Alec Baldwin é THE  fucking salesman, atrai a presa para golpeá-la sem piedade. E, ainda assim, é capaz de conseguir a atenção fascinada da audiência.


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