quarta-feira, 17 de abril de 2013

Livreiro de Sines

Uma das primeiras apreciações de Enquanto Lisboa arde, o Rio de Janeiro pega fogo.


"Acabada a leitura do livro, entendi a frase de João Tordo em badana da capa: “Agarra-nos pelo colarinho e não nos larga até estarmos feitos num oito. Imperdível”.

O autor, Hugo Gonçalves, é um português a viver no Rio de Janeiro. Como cada vez mais jovens fugidos de tudo ou à procura de qualquer coisa. Acima de tudo, da sobrevivência.

Começa a história com o narrador no “Cais de partida” a despedir-se da sua doce e amarga Lisboa. Acaba com o retorno aos sons e cheiros da capital portuguesa".


Para ler na íntegra, clique aqui.




segunda-feira, 15 de abril de 2013

De como o amor nos mantém vivos

Hoje, em vez de passar um sinal fechado, o motorista de ônibus ficou quieto, sem arrancar, diante de um verde que abria caminho. Mas ele nada, continuou parado - estava paquerando uma passageira.



O livro do dia

Para Carlos Vaz Marques, na TSF, o livro do dia é este:




E o seu comentário sobre o livro pode ser ouvido aqui.








quarta-feira, 10 de abril de 2013

Diário de um prosador plagiador de poetas



"Tenho uma grande constipação, 
E toda a gente sabe como as grandes constipações 
Alteram todo o sistema do universo, 
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina."

Álvaro De Campos

terça-feira, 9 de abril de 2013

Wanna fight?

Rapazes, levantem os punhos ou comecem a correr. Meninas não percam já os sentidos de tanta palpitação no regaço e nas virilhas. He is coming to get you.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Porrada

O trânsito no Rio é outra forma de violência, menos chocante do que a violência do tráfico, porque, de certa maneira, todos fazem parte dela. Não é uma violência com o rosto do neguinho traficante ou do moleque que dispara um 38 no turista. Está no pedestre, no ciclista, no morotista de carro, van, ônibus e táxi. Está no desconforto e agressividade de trens sobrelotados e no castigo sobre pessoas que já têm vidas fodidas e que ainda demoram duas horas para chegar ao emprego, espremidas, dormindo em pé,  conduzidas por lunáticos. Do xingamento, à manobra perigosa, do bêbedo ao volante ao pedestre que se atira para o meio da rua, e entre atropelamentos (principal causa de morte no trânsito na cidade), despistes, selvajaria , hoje, o trânsito machuca e amachuca o Rio e quem aqui vive. É impossível que ele não contamine o nosso dia, que não nos ponha em risco ou na linha de tiro de um insulto. Mas, tal como a ausência de Estado nas favelas durante décadas, a ausência de civismo e precaução com o outro no trânsito parecem ser algo com que convivemos sem grande indignação. E se a informalidade pode ser um atributo deste lugar lindo, se o deboche perante a lei tem alguma graça num certo jeito de ser carioca, a verdade é que milhões de pessoas sentem-se agredidas todos os dias, têm vidas piores, vertem raiva, frustração, insultam, andam à porrada, passam vermelhos. A mobilidade não é apenas conseguir levar milhares de pessoas daqui para ali. E se dizer que a violência do trânsito mata muito não chega, se as campanhas de sensabilização caem em saco roto, talvez multas mais severas (funcionou em Portugal e Espanha), com altos valores pecuniários, façam as bestas ponderar antes de pisar na tábua ao ver um semáforo laranja a cem metros. Se em em vez da TV plasma, o dinheiro for para pagar a multa, se em vez de cagar para o bafómetro, os bêbedos que causam acidentes tiverem de cumprir penas de prisão e serviço comunitário em hospitais (porque não lixeiras?), talvez se consiga diminuir o grau de selvajaria e boçalidade no trânsito carioca.  Até lá, é mesmo uma selva lá fora.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A partir de sábado nas Fnac e Bertrands, segunda nas restantes livrarias




Quando a crise se instala em Portugal, arrastando uma onda de pessimismo sem fim à vista, um assessor político com ambições literárias e a cabeça a prémio decide fugir para o Brasil. Além do medo e do travo amargo do insucesso, leva com ele apenas uma mochila, o desejo de começar tudo do zero e uma encomenda secreta.

O Rio de Janeiro continua lindo - e os primeiros dias na cidade, com passeios de bicicleta pelo calçadão, mergulhos na praia e romances curtos e escaldantes, prometem de facto, uma vida de sonho. Mas esse idílio é uma ilusão, porque o misterioso embrulho depressa o lança numa odisseia tropical de contornos perigosos, em busca do terceiro vértice de um triângulo amoroso.

Determinado, porém, a cumprir a missão, o aspirante a escritor viajará por casas isoladas na serra, ilhas desertas e favelas e cruzar-se-á com um curioso universo de expatriados - terroristas bascos, sobreviventes do Holocausto e emigrantes portugueses, que procuram agora, como antigamente, uma nova vida no hemisfério sul. E também com Margot, a mulher que pode mudar a sua vida.

Longe da falência do seu passado, ele acredita que a aventura carioca pode ser o recomeço que procura, a história que finalmente dará um livro, a evidência de que, por mais que fuja, estará sempre preso ao lugar de onde partiu.

 Com um ritmo que nos arrasta ao longo das páginas como se também nós fôssemos personagens e um toque irresistível de pulp fiction, Enquanto Lisboa Arde, o Rio de Janeiro Pega Fogo é um romance sério e divertido em doses iguais – e, ainda por cima, de extrema atualidade.

Pré compra aqui e aqui.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Carta para um jovem emigrante




A convite da Visão, escrevi um texto para o recente número comemorativo dos 20 anos da revista. Escrevi honestamente e com tesão. O resultado pode ser lido aqui.

Lixo




Camarada, tem lixo pacas nesse mundo, tanto lixo, cansei de lixo: tem garrafa no banco de jardim, copo de plástico na grama, a praça toda cagada, tem perua que joga a guimba na areia da praia e deixa a merda do cachorrinho miniatura na calçada, tem neguinho atirando papel de macdonalds pro chão, tem esgoto saindo na Lagoa, peixe assassinado, motorista de ônibus matando gente, político, pastor, 39 ministérios, PM de fuzil fora da janela, crackudo sendo atropelado - e depois tem todo esse lixo no jornal. Sabe qual é o título de hoje? Não quer saber? Chega de lixo , né, camarada? Dá até vontade de tomar banho. Em casa, porque essa fonte da Santos Dumont está cheia de merda. E agora partiu. Vai limpo, vai com o coração branco.